Como dizia meu antigo Professor de Literatura, Itapê, não
existe palavra no nosso vernáculo mais esdrúxula do que a palavra esdrúxulo(a).
Da mesma forma, não existe dizeres mais infelizes do que
dizer: “TROCARIA MEU TÍTULO MUNDIAL PELA VIDA DESSE GAROTO”. A frase infeliz
foi dita pelo técnico do Corinthians, Tite.
Não se compara unidades de medidas diferentes, litros com
metros, da mesma forma não se pode comparar conquista esportiva com uma vida
humana.
Entendo, porém, que isso foi dito em meio à consternação e
emoção de saber do falecimento de uma criança, não jovem, como ouvi, mas uma
criança, e o estado emocional pode atenuar a impropriedade da fala.
Sábado último, 16/02/2013, fui ao Barão da Serra Negra
assistir a XV de Piracicaba contra Guarani, levei meu filho de quase 04 anos,
sou dos que defendem que estádio de futebol é local de lazer para todos,
inclusive crianças, em que pese, provavelmente não ser lazer para o Enzo (meu
filho), pois dormiu no segundo tempo.
Coloco-me no lugar do pai dessa criança, já não bastasse a
dor incomensurável da perda do filho em tão tenra idade, ter de ouvir “TROCARIA
MEU TÍTULO MUNDIAL PELA VIDA DESSE MENINO”, se é que ouviu, e espero que não tenha
ouvido, é o agravamento da dor, pois a comparação da vida do filho a uma mera
conquista esportiva (por mais significativa que seja) é muito pequeno, é
diminuir o valor da vida humana.
Grande porcaria um título mundial perto da vida de um filho,
de uma criança de 14 anos, de um ser humano de QUALQUER idade!!! Como diz
Milton Neves, comentarista esportivo, futebol é a coisa mais importante dentre
as MENOS importantes.
Se consigo até atenuar a infelicidade do técnico Tite, pelo calor
da emoção ao dizer a impropriedade, o que não consigo entender é a imprensa
repercutir como se fosse algo significativo para alguém a troca de um título esportivo
pela vida do menino, pois passadas algumas horas, necessárias para se fazer uma
reportagem, é possível se esfriar a cabeça e refletir sobre a infelicidade da comparação.
Todos sabem que sou Quinzista e Palmeirense, não estou de
forma alguma diminuindo a importância do título mundial do Tite (ele disse MEU),
só não consigo ver o mínimo de comparação entre o título e a vida do menino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário