sexta-feira, 14 de junho de 2013

O Legado da Copa - Não é a Caxirola!!!


Finalmente descobri qual o legado os grandes eventos esportivos que serão realizados no Brasil nos deixarão.
Primeiro deixo consignado que tenho calafrios com a palavra “legado” desde os famigerados Jogos Pan-Americanos, que ao contrário do propalado à época, deixou-nos o Estádio Engenhão, ao custo de R$380 milhões (custo em 2003 a 2007) e não poderá ser usado na Copa do Mundo da FIFA, pois não está nos padrões de conformidade da entidade, e, o pior, está interditado por falhas nas estruturas.
Ainda, deixou-nos o Complexo Esportivo Cidade dos Esportes abriga a Arena Multiúso, o Parque Aquático Maria Lenk e o Velódromo, com custo de R$4 bilhoes, elefante branco que não poderá ser utilizado nos Jogos Olímpicos, ao menos não como está, e necessitará de profundas reformas para, depois de 11 anos, ser reutilizado. Neste período de 11 anos o elefante está hibernando, já que serve apenas para nado sincronizado de mosquitos da dengue.
Também não estou falando da reforma do Maracanã, ao custo de R$1,2 bilhões, nem da demolição e reconstrução do Estádio Mané Garrincha, também ao custo de R$1,2 bilhões, nem do Itaquerão, com “financiamento” do BNDES, entre outros.
Muito menos falo da propalada melhoria dos Aeroportos, que o próprio governo já admitiu não ocorrerá, nem a melhoria na mobilidade urbana, quem mora em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, pode dar seu depoimento com melhor propriedade.
O legado das competições também não é a caxirola, versão oportunista das Vuvuzelas, “esqueceram-se”, porém, que na África do Sul aqueles instrumentos já eram tradicionais. A notícia é boa que a FIFA proibiu o famigerado instrumento nas suas competições e a Polícia Militar também o proibiu nos estádios.
Os LEGADOS dos eventos esportivos que se aproximam, a Copa das Confederações da FIFA, a Copa do Mundo da FIFA, e os Jogos Olímpicos do COI, deixarão são dois.
O primeiro é o "escancaramento" do Estado de Exceção em que vivemos.
O Estádio do Maracanã Estádio era tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), passou por uma reforma de R$1,2 bilhões, na qual foi descaracterizado por completo, até os Globais, ufanistas por natureza, disseram na transmissão do jogo Brasil x Inglaterra: “quem conheceu o antigo Maracanã não o reconhece mais”, sem que houvesse o devido, regular e legal destombamento, isso é Estado de Exceção, no qual as leis são desrespeitadas por quem se arvora dono da lei.
Na Bahia as tradicionais baianas do acarajé, inicialmente, haviam sido proibidas de venderem seus acarajés, onde antes vendiam, e não falo dentro da Arena Fonte Nova, pois lá até entendo que não se possa fazer concorrência com patrocinadores e lá há a “delícia” do McDonald´s, se bem que nunca comi acarajé, mas com certeza deve ser melhor do que McDonald´s. Digo nas ruas, onde há décadas as baianas possuem autorização para vendê-los. Isto é Estado de Exceção.
Em Belo Horizonte um juiz de direito proibiu quaisquer manifestações populares, como protestos, mesmo pacíficos e amparados pela Constituição Federal, nas imediações do Mineirão, sob pena de multa. Isto é Estado de Exceção.
O segundo legado é o renascimento do espírito de luta do brasileiro, que vai para as ruas indignados.
Vi muitos veículos de imprensa, especialmente os Globais, veicular as manifestações da população contra o aumento das passagens de transporte coletivo, aos eventos esportivos, dizendo que são oportunistas, esqueceram-se, porém, que o aumento somente foi feito neste momento, talvez para poder desqualificar manifestantes, e certamente para diminuir o impacto na inflação nos primeiros meses do ano.
Ainda hoje, 14/06/2013, em Brasília houve protesto do MST, enfrente ao Estádio Mané Garrincha, segundo a Polícia Militar em Brasília há protestos todas as semanas, mas os Globais chamaram os manifestantes de oportunistas.
Sim, é preciso que as manifestações populares se espalhem para todos os cenários da política nacional, Manifestação contra Corrupção, contra Renan Calheiros, contra a gastança de dinheiro público para construção de estádios, ao passo que há falta de recursos para Educação, Saúde, Segurança, Transportes...
Tenho visto vários usuários do Facebook dizendo que R$0,20 é muito pouco para se reclamar e ninguém reclama sobre os outros temas, a questão não é essa, mas sim, o que EU, você, nós, temos feito, temos nos manifestado sobre os temas que achamos importantes ao contrário dos R$0,20?!?!?!
Que seja este o legado desses eventos, apesar de ser aficionado pelos mencionados eventos esportivos!!!

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