Finalmente descobri qual o
legado os grandes eventos esportivos que serão realizados no Brasil nos
deixarão.
Primeiro deixo consignado que
tenho calafrios com a palavra “legado” desde os famigerados Jogos Pan-Americanos,
que ao contrário do propalado à época, deixou-nos o Estádio Engenhão, ao
custo de R$380 milhões (custo em 2003 a 2007) e não poderá ser usado na Copa
do Mundo da FIFA, pois não está nos padrões de conformidade da entidade, e, o
pior, está interditado por falhas nas estruturas.
Ainda, deixou-nos o Complexo Esportivo Cidade
dos Esportes abriga a Arena Multiúso, o Parque Aquático Maria Lenk e o
Velódromo, com custo de R$4 bilhoes,
elefante branco que não poderá ser utilizado nos Jogos Olímpicos, ao
menos não como está, e necessitará de profundas reformas para, depois de 11
anos, ser reutilizado. Neste período de 11 anos o elefante está hibernando, já
que serve apenas para nado sincronizado de mosquitos da dengue.
Também não estou falando da
reforma do Maracanã, ao custo de R$1,2 bilhões, nem da demolição e reconstrução do Estádio
Mané Garrincha, também ao custo de R$1,2 bilhões, nem do Itaquerão, com “financiamento”
do BNDES, entre outros.
Muito menos falo da propalada melhoria
dos Aeroportos, que o próprio governo já admitiu não ocorrerá, nem a melhoria
na mobilidade urbana, quem mora em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte,
pode dar seu depoimento com melhor propriedade.
O legado das competições também não
é a caxirola, versão oportunista das
Vuvuzelas, “esqueceram-se”, porém, que na África do Sul aqueles instrumentos já
eram tradicionais. A notícia é boa que a FIFA proibiu o famigerado instrumento
nas suas competições e a Polícia Militar também o proibiu nos estádios.
Os LEGADOS dos eventos
esportivos que se aproximam, a Copa das Confederações da FIFA, a Copa do Mundo da
FIFA, e os Jogos Olímpicos do COI, deixarão são dois.
O primeiro é o "escancaramento" do
Estado de Exceção em que vivemos.
O Estádio do Maracanã Estádio era tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan), passou por uma reforma de R$1,2 bilhões, na qual foi descaracterizado
por completo, até os Globais, ufanistas por natureza, disseram na transmissão do
jogo Brasil x Inglaterra: “quem conheceu o antigo Maracanã não o reconhece mais”,
sem que houvesse o devido, regular e legal destombamento, isso é Estado de Exceção,
no qual as leis são desrespeitadas por quem se arvora dono da lei.
Na Bahia as tradicionais baianas
do acarajé, inicialmente, haviam sido proibidas de venderem seus acarajés, onde
antes vendiam, e não falo dentro da Arena Fonte Nova, pois lá até entendo que
não se possa fazer concorrência com patrocinadores e lá há a “delícia” do McDonald´s,
se bem que nunca comi acarajé, mas com certeza deve ser melhor do que McDonald´s.
Digo nas ruas, onde há décadas as baianas possuem autorização para vendê-los.
Isto é Estado de Exceção.
Em Belo Horizonte um juiz de
direito proibiu quaisquer manifestações populares, como protestos, mesmo
pacíficos e amparados pela Constituição Federal, nas imediações do Mineirão, sob
pena de multa. Isto é Estado de Exceção.
O segundo legado é o
renascimento do espírito de luta do brasileiro, que vai para as ruas
indignados.
Vi muitos veículos de imprensa,
especialmente os Globais, veicular as manifestações da população contra o
aumento das passagens de transporte coletivo, aos eventos esportivos, dizendo
que são oportunistas, esqueceram-se, porém, que o aumento somente foi feito
neste momento, talvez para poder desqualificar manifestantes, e certamente para
diminuir o impacto na inflação nos primeiros meses do ano.
Ainda hoje, 14/06/2013, em
Brasília houve protesto do MST, enfrente ao Estádio Mané Garrincha, segundo a Polícia
Militar em Brasília há protestos todas as semanas, mas os Globais chamaram os
manifestantes de oportunistas.
Sim, é preciso que as manifestações
populares se espalhem para todos os cenários da política nacional, Manifestação
contra Corrupção, contra Renan Calheiros, contra a gastança de dinheiro público
para construção de estádios, ao passo que há falta de recursos para Educação,
Saúde, Segurança, Transportes...
Tenho visto vários usuários do
Facebook dizendo que R$0,20 é muito pouco para se reclamar e ninguém reclama
sobre os outros temas, a questão não é essa, mas sim, o que EU, você, nós,
temos feito, temos nos manifestado sobre os temas que achamos importantes ao
contrário dos R$0,20?!?!?!
Que seja este o legado desses
eventos, apesar de ser aficionado pelos mencionados eventos esportivos!!!
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