Em 2014, logo após as eleições presidenciais, fui
convidado para participar de uma entrevista para uma vaga de advogado em uma
empresa da região.
Antes de começar, deram-me um papel, uma caneta e um
tema para fazer uma redação. O tema remetia à divisão do país causada pelo
resultado apertado das eleições.
Fiz uma reflexão na qual praticamente previ o que
aconteceu alguns meses depois, com o impeachment, nenhum mérito, apenas
constatei o óbvio. Como não fui o candidato selecionado, infelizmente, nunca
terei acesso ao texto.
Mas, o quadro pós-eleição é o mesmo de agora, acho
que hoje até pior, pois, a inabilidade política de Dilma, somada à falta de reconhecimento da legitimidade da eleição pelo candidato perdedor (Aécio Neves) e à traição de
Temer, acabaram aumentando a divisão, inflamando ainda mais o abismo existente
entre os dois lados.
Digo sempre e repito, a polarização entre PT x PSDB,
o discurso de Direita x Esquerda, inflamou os ânimos e o NÓS x ELES (seja quem for o nós e seja quem for o eles) dividiu
definitivamente o país.
O NÓS x ELES tomou proporções tão avassaladoras que
fez o brasileiro perder uma de suas marcas, a SOLIDARIEDADE.
Passadas algumas horas da TRAGÉDIA do incêndio do
Prédio no Largo Paissandu, a SOLIDARIEDADE deu espaço para outra guerrinha
entre o NÓS x ELES, passou-se a discutir o aluguel que seria cobrado dos mortos
e das vítimas sobreviventes, passou-se a discutir a própria honra das pessoas que
ali moravam (o ex-Prefeito – Prefeito relâmpago – e agora candidato à
Governador chegou a afirmar que o prédio era ocupado por organização
criminosa).
A discussão, ao invés de focar o número inaceitável
de pessoas desamparadas e sem condições de possuírem uma moradia digna,
focar a incapacidade do ente estatal (Prefeitura, Estado e União Federal) em
resolver o problema de moradia e emprego, focar a inatividade de Prefeitura, Estado e
União Federal em tratar dessas “TRAGÉDIAS ANUNCIADAS” (palavras do Pastor da
Igreja Luterana que foi destruída na tragédia e do próprio Governador do Estado
– Márcio França).
Ora, se eram TRAGÉDIAS ANUNCIADAS, e eram, ou, melhor,
são, pois, outros prédios estão em situação análoga, de quem é a
responsabilidade? Por que a inércia?
Não sejamos massa de manobra, não desviemos a
discussão para o aluguel, para a idoneidade dos moradores, isso interessa
apenas para aqueles que querem manter o status
quo.
Enquanto discutimos o aluguel e a idoneidade dos
moradores, deixamos de, primeiro, solidarizarmo-nos com as vítimas (mortas e
sobreviventes), aliás, mais que isso, as tornamos culpadas pela própria desgraça, como fez o ex-Prefeito e agora candidato a Governado, segundo, de cobrar as responsabilidades de quem realmente as
tem, que são:
- Nível municipal: PT/PSDB que se revezam na
Prefeitura de São Paulo há anos, porém, nada fizeram para resolver o problema;
- Nível estadual: PSDB que está no governo há anos, porém,
nada fez para resolver o problema;
- Nível federal: PSDB/PT/PMDB ou MDB (alteração do nome é apenas uma
tentativa de se desvencilhar da imagem da corrupção): que durante esses anos todos
não resolveram o problema, pelo contrário, agravaram-no (é só ver o crescimento de desempregados dos últimos anos).
Para finalizar, se fosse gravar o vídeo da Rede
Globo, o que espero para o Brasil é que apareçam candidatos à presidente e aos
governos estaduais comprometidos com o discurso de UNIÃO, que rompam com esse "discursinho" de NÓS x ELES, de DIREITA x ESQUERDA, que tenham compromisso com o fortalecimento
da economia, indústria, comércio, mas, também com as causas sociais, com
educação, com emprego, MORADIA DIGNA PARA TODOS, pois, só assim teremos crescimento
sustentável.
Parabéns Max !!!! Reflete a verdade.
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