Para homenagear nosso dia, transcrevo abaixo, trecho do livro ELES, OS JUÍZES, VISTOS POR UM ADVOGADO, de Piero Calamandrei, no qual ele descreve a dedicação e a bravura que possui um advogado buscando a justiça para seu cliente, sem temer sequer a morte que poderia vir a qualquer momento de agitação, conforme os médicos já o avisaram. Mesmo assim, o advogado não poupa seus esforços, para poder buscar a Justiça.
Vi no Palácio da Justiça, à porta de uma sala, um velho advogado que esperava, já de beca, sua vez de sustentar. Apoiado cansadamente no umbral, parecia estar em contemplação extática das mãos, que mantinha unidas sobre o peito em ato de prece, estranho e como em volto em solidão no meio da multidão rumorosa de seus colegas. Mas, olhando-o mais de perto, percebi que não estava orando, mãos contando no pulso, com olhos fixos no relógio, os batimentos do coração.
Um colega indiscreto sacudiu-o daquele isolamento, perguntando-lhe com brincalhona leviandade se estava com febre; e ele, como que despertando de um sonho, respondeu com voz surda: - De acordo com os médicos, os cardíacos não deveriam debater causas...
Somente então notei a palidez violácea daquela fronte, e nas têmporas, sob a pele com cera, o visível curso serpeante daquelas pequenas artérias, nas quais o vulgo acredita estar escrita a sorte de uma morte imprevista.
Mas o bedel anunciou sua causa e ele desapareceu na sala. Quando entrei, dali a pouco, vi com assombro do banco da defesa, um robusto orador cheio de vida, que se acalorava na discussão, agitando ao gesticular aquele pulso no qual, um instante antes, espreitava o passo da morte a caminho.
Agora que estava em jogo a vitória de se cliente, sequer lhe passava pela cabeça poupar aquele gesto rápido ou moderar aquela invectiva mais excitada, que poderia bastar por si só para abrir, no frágil equilíbrio daquelas pequenas artérias serpeantes, uma derradeira passagem.
FICAM, ASSIM, MEUS PARABÉNS A TODOS NÓS, BRAVOS E LUTADORES ADVOGADOS!!!
Max,
ResponderExcluirParabéns pelo ofício e que você possa com intrepidez sustentar seus ideais.
Abraço,
Alessandro